quinta-feira, 30 de julho de 2009

Complicações com a VAA durante VM.

Resumo de caso.

Paciente idosa, portadora de sequela pulmonar esquerda antiga por BK. Admitida no CTI com IRpA como consequência de uma pneumonia comunitária. Foi submetida à VM invasiva, no 8º dia de VM complicou com pneumotórax hipertensivo à esquerda não iatrogênico, foi drenado e apresentou uma fístula aérea de alto débito.

Dois dias após a drenagem torácica foi percebido aumento significativo da resistência das vias aéreas e ressecamento das secreções com formações de "rolhas". A paciente, desde a sua internação, mantinha estabilidade hemodinâmica, normotermia e boa hidratação. A ventilação minuto alveolar era em torno de 8,5 L/min e a produção de secreção traqueal era em quantidade moderada e fuida.

Foi necessário trocar o tubo.



A umidificação das vias aéreas durante VM neste CTI é feita com filtro HME. A recomendação do fabricante para seu uso exclui os casos de pacientes desidratados, hipotérmicos, que hiperventilam (> 10 L/min) e que produzem secreções espessas ou sanguinolentas.

Por que ocorreu ressecamento das secreções e suboclusão do TOT, já que nenhuma das situações de contra-indicação estavam presentes nesta paciente?

Os filtros HMEs são dispositivos passivos, a umidificação das vias aéreas ocorre pela retenção da umidade proveniente do gás expirado pelo paciente. Parte da umidade, aproximadamente 70%, é adicionada ao gás inspirado no ciclo seguinte. Pelo menos, 30 mg H2O / L de gás a 30 ºC de temperatura, é necessário para manter uma fluidificação adequada das secreções respiratórias. A maioria destes filtros atinge estes valores nas condições recomendadas.

Na presença de fístula traqueobronquica, parte do gás pulmonar (umidificado e aquecido) sai pelo dreno torácico. Esta perda resulta numa diferença através do filtro entre o volume inspirado maior (seco) que vem do respirador e o expirado menor (úmido) proveniente das vias aéreas. Isto acarreta na redução da umidade relativa média do gás nas vias aéreas.

A consequência, pode ser o que foi visto com o TOT retirado da paciente (foto). Neste caso a umidificação deverá ser feita com o umidificador aquecido.

Aguardem outras publicações!

Abraços a todos.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Complicações da VNI

Resumo de caso:

Paciente jovem, portador de SIDA, internado no CTI para tratamento de uma pneumonia comunitária. Inicialmente, estável hemodinamicamente, lúcido e orientado, dispnéia leve e tosse produtiva. Em uso de oxigenioterapia via macronebulizador com máscara. SpO2 = 95%.

Dois dias após: Redução do sensório, dispnéia pronunciada e AP abolida a ESQ. SpO2 = 88%. Solicitado RX de tórax.

ATELECTASIA TOTAL ESQUERDA

INICIADA FISIOTERAPIA: CPAP com máscara facial entre 10 e 15 cm H2O por 30 min + posicionamento corporal + manobras manuais.
Expectoração de pouca quantidade de secreção purulenta e espessa.
Melhora na SpO2 = 92% e discreta melhora na AP.

Solicitado novo RX.


REVERSÃO PARCIAL DA ATELECTASIA

Retomada a FISIOTERAPIA: CPAP entre 20 e 25 com H2O por 20 min + posicionamento + manobras manuais.
Expectoração de secreção em maior quantidade. Melhora significativa da AP e SpO2.

Novo RX de tórax.




REVERSÃO QUASE TOTAL DA ATELECTASIA

E

AEROFAGIA SIGNIFICATIVA



Este tipo de complicação geralmente não é grave, mas em um paciente com resíduo alimentar volumoso pode complicar com refluxo e broncoaspiração. Alguns estudos científicos informam que VNI com pressões inspiratórias próximas a 20 cm H2O ou maiores pode provocar distensão gástrica gasosa.

Aguardem outras publicações!

Abraços a todos.